sábado, 16 de maio de 2015

DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO REÚNE MAIS DE 700 PESSOAS EM BH

Via Edição 478 do Jornal Inverta - 

Delegações de todos os estados brasileiros e representantes de outros países participaram do II Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação (ENDC), realizado em Belo Horizonte entre os dias 10 e 12 de abril, que contou com a presença de 700 pessoas.

No final do evento foi lançada a Carta de Belo Horizonte, que faz várias propostas em defesa de uma comunicação mais democrática e pela liberdade de expressão no Brasil.

O evento foi patrocinado por várias entidades nacionais como o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), o MST, a CUT, a CTB, o Centro de Estudos Barão de Itararé, entre outras entidades e movimentos sociais do país, além de partidos políticos que fazem parte da luta em defesa de um novo marco regulatório para o setor de comunicação no Brasil.

Na abertura do evento foi feita uma saudação aos presentes à capital mineira pelo Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais e outros movimentos que organizaram a recepção aos participantes.

Um ato cultural e político na Praça da Liberdade no dia 10 de abril iniciou o II ENDC com boa presença de público. Na abertura oficial fizeram parte da mesa representantes de partidos políticos, movimentos sociais, entidades de classe e autoridades dos governos municipal, estadual e federal, que dissertaram sobre a conjuntura nacional e as perspectivas políticas para o ano de 2015.

A presidenta da CUT-MG, Beatriz Cerqueira, disse que a luta pela democratização da comunicação tem que ser unificada com várias bandeiras e reivindicações dos trabalhadores de um modo geral.

Ela afirmou que com um Congresso Nacional conservador como o eleito atualmente, os sindicatos e movimentos sociais tem que tomar as ruas para pressionar e impedir retrocessos nos direitos dos trabalhadores e nas conquistas democráticas do povo brasileiro.

A dirigente ressaltou que é necessária uma grande unidade dos trabalhadores brasileiros para combater os que pedem a volta da ditadura militar no Brasil através de manifestações de rua.

Vários que falaram no II ENDC fizeram uma convocação à organização popular e na defesa de um processo mais democrático no setor de comunicação no Brasil.

Existem lutas mais urgentes como lutar contra o Projeto de Lei da Terceirização no Congresso Nacional, que levará a que no dia 15 de abril vários setores façam uma paralisação nacional contra a retirada de direitos da maioria da população brasileira.

O dirigente do FNDC, Orlando Guilhon, fez uma análise de que esta conjuntura é a mais delicada desde a redemocratização do Brasil há 30 anos e que será preciso muita unidade dos trabalhadores e dos movimentos sociais para sairmos deste processo de avanço das forças conservadoras da sociedade brasileira.

Uma data para marcar a mobilização pela democratização da comunicação no Brasil será uma manifestação nacional contra os 50 anos da Rede Globo no dia 26 de abril, que firmará o repúdio a todas as mentiras e falsidades das Organizações Globo neste meio século de existência.

No painel onde houve um debate sobre as experiências de outros países em relação ao processo de regulação da mídia, o consultor da Unesco, Toby Mendel, falou sobre como esses processos ocorreram em várias partes do mundo e afirmou que o fluxo de informações é um dos grandes benefícios dos meios eletrônicos atualmente.

Ele falou também sobre os três setores que organizam a comunicação em todo o mundo: o estatal, o público e o privado e que o sistema brasileiro é muito distorcido, uma vez que existe uma hipertrofia do segmento privado em relação aos outros modelos de funcionamento.

O professor da Universidade de Quilmes (Argentina), Martin Becerra, sublinhou que a experiência de seu país mostrou que a grande força é a mobilização popular para vencer aqueles grupos que são contrários a uma regulação da mídia.

A voz da população é o grande fenômeno de uma comunicação democrática e não a mensagem dos donos dos meios de comunicação.

O representante do Ministério das Comunicações, Emiliano José, informou que haverá um seminário para discutir a regulação da mídia promovido este ano pelo ministério e que vários setores serão chamados para o debate.

Ao responder as perguntas do público, ele afirmou que há todo um esforço para desburocratizar a questão das concessões de rádios comunitárias e que o total de documentos necessários para esta concessão cairá de 33 para 10.

Sobre a perseguição às rádios comunitárias ele afirmou que está havendo uma boa vontade do ministro para evitar este tipo de coisa, mas que muitas vezes as decisões judiciais impedem a ação de seu ministério em defesa da radiofusão comunitária que ele salientou ser essencial para a democracia brasileira.

Ao final do II ENDC foi feita a leitura do PLIP (Projeto de Lei de Iniciativa Popular por uma Comunicação Democrática), que traz várias reivindicações como a implementação de vários artigos da Constituição Brasileira que impedem o monopólio da imprensa e da mídia; e a implantação das decisões da I Confecom (Conferência Nacional de Comunicação) para que sejam postas em prática.

A regulação do Direito de Resposta também é um dos pontos do projeto, além de outras propostas como o Direito de Antena, que dá espaço aos movimentos sociais e entidades civis para que em determinado periodo tenham acesso para veicular suas mensagens, como existe hoje em legislações como a de Portugal e Espanha; e a vedação da censura prévia desde que não firam a legislação com preconceitos de raça, sexo, religião, política, entre outras práticas discriminatórias.

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